Nathalia Picholari
Lembro do dia em que o conheci. Tinha acabado de completar oito anos e estava ansiosa para assistir ao falado Harry Potter e a Pedra Filosofal com minha mãe. Estávamos no shopping e decidimos passar na livraria antes da sessão começar. Foi quando nos deparamos com uma estante de Harry Potter e... Harry Potter e...
Achei muito estranho, não era apenas um filme!? Por que tantos livros daquele menino!? A partir daquele dia, entrei no mundo de Harry, Ron e Mione. Primeiro me apaixonando pelo filme, depois buscava os detalhes que só os livros dariam. Foram dez anos acompanhando a vida de um amigo, esperando que suas histórias, obviamente enviadas por corujas, chegassem. E para piorar tenho a estranha mania de sempre pensar no começo quando chega o final de alguma coisa. Com Harry não foi diferente.
O primeiro livro que ganhei foi Harry Potter e a Ordem da Fênix - me assustei com o tamanho (702 págs.) e o deixei de lado. Alguns meses depois, ganhei o terceiro da coleção, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban. Foi quando não larguei mais meu amigo. Confesso não ter sido uma leitora cronológica. Comecei lendo a série do meio, fui até o final e voltei aos dois primeiros livros. Porém era fascinada por cada palavra contida em tais páginas e não conseguia parar de ler. Recordo que ficava até as 3h da manhã lendo e tentando desvendar como a autora podia ter pensado em tudo, cada pequeno detalhe do começo tem alguma ligação com o final! Tudo fazia parte de um todo!
Com os filmes foi diferente. Já que eram lançados quase que anualmente, me via crescendo com os três bruxos! Queria ser nerd como Hermione, corajosa como Harry e ter uma família engraçada e grande como a de Rony. Almejava fazer parte da Armada Dumbledore e poder ajudá-los lançando feitiços e combatendo os seguidores de Voldemort. Porém a maior mágica que Harry me ensinou foi que o amor é o bem mais precioso que podemos querer em nossas vidas. Ele pode vir de qualquer lugar, da família, dos amigos, da família dos amigos. Não importa o quanto perdidos estivermos, sempre haverá alguém que nos ame e nos encontrará.
Agora tudo isso chegou ao fim. Quando li o último livro me senti consolada, pois tinha mais dois livros da série para ler (como disse, ordem não foi meu forte...) e três filmes que ainda seriam lançados. Só que agora me sinto órfã daquilo que fizera parte dos dez últimos anos de minha vida (como tenho 17, é um considerável tempo...).
Mal posso esperar o momento de entrar no cinema e o filme começar, porém, ao mesmo tempo, não quero que tudo acabe! É estranho, parece que os conheço de verdade e agora estão indo para uma viagem sem volta, onde não terão meios de se comunicar comigo! Terei, então, de me contentar em rever cada filme, reler cada livro e imaginar que estarão bem nesse lugar perdido... Obrigada Harry, Rony e Hermione e façam uma boa viagem.
( Nathalia Picholari,17 anos,é estudante e pottermaníaca."Foram Dez Anos com um amigo",jornal O Estado de São Paulo,10 de julho de 2011)
Saiba mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Harry_Potter_(série)